‘A Igreja não pode ficar alheia à realidade, ela tem de correr riscos, inclusive de morte’. Entrevista com Dom Moacyr Grechi
"Algumas regiões do Brasil continuam achando que a Amazônia é a colônia do país. Da mesma forma que Portugal via o Brasil como colônia, de onde tudo tirava e nada dava, o restante do Brasil vê a Amazônia como a província energética da nação”, lamenta o arcebispo emérito de Porto Velho.
"Se a Igreja não intervier nesses casos, ela negará a sua natureza. Ela tem de estar ao lado do pobre, do sofredor, do explorado. Ela não deve tomar o lugar de ninguém, mas tem de ser solidária ao povo”. É com essa declaração que o arcebispo emérito de Porto Velho, Dom Moacyr Grechi, reafirma o posicionamento que a Igreja deve tomar diante da construção de empreendimentos no Norte e Nordeste do país, como as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, que estão sendo construídas no rio Madeira, gerando impactos às populações ribeirinhas e ao meio ambiente.
"Se a Igreja não intervier nesses casos, ela negará a sua natureza. Ela tem de estar ao lado do pobre, do sofredor, do explorado. Ela não deve tomar o lugar de ninguém, mas tem de ser solidária ao povo”. É com essa declaração que o arcebispo emérito de Porto Velho, Dom Moacyr Grechi, reafirma o posicionamento que a Igreja deve tomar diante da construção de empreendimentos no Norte e Nordeste do país, como as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, que estão sendo construídas no rio Madeira, gerando impactos às populações ribeirinhas e ao meio ambiente.
Depois de uma longa trajetória ao lado das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Acre, onde foi bispo, e em Porto Velho, onde foi arcebispo, Dom Moacyr destaca que a questão ambiental e ampliação das periferias nos estados brasileiros merecem atenção da Igreja. "É na periferia que o crime organizado continua. Muitos jovens são mortos e, além disso, a droga é algo comum nesses locais. Então, as periferias são um grande desafio para a Igreja hoje”, assinala.
Na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line, Dom Moacyr descreve um pouco da trajetória da Igreja na Amazônia e critica: "Quando assisto aos programas de televisão da Igreja, vejo que estão abençoando demais pela televisão. (...) A Igreja permite e até aconselha benzer água como lembrança do batismo, como forma de gratidão pelo batismo recebido, mas tem se valorizado demais o devocionalismo, e esquece o fundamental da pregação”.
Dom Moacyr reforça a necessidade de a Igreja incentivar as CEBs porque "ou elas mantêm as mesmas características, ou têm que rasgar o Ato dos Apóstolos, porque as comunidades nasceram da ressurreição de Cristo e do Espírito Santo”. E dispara: "É impossível iniciar alguém na fé fora de uma comunidade; ela é fundamental desde o começo, e assim será até o fim dos tempos”.
Dom Moacyr Grechi, durante muitos anos foi bispo de Rio Branco, Acre, quando foi nomeado, em novembro de 1998, arcebispo de Porto Velho, Rondônia. Ele foi membro da Comissão Episcopal de Pastoral da CNBB, de 1975 a 1978; presidente da Comissão Pastoral da Terra – CPT, por oito anos, e presidente do Regional Norte 1 da CNBB por dois períodos. Também foi membro da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé, de 1995 a 2003 e delegado do Brasil na V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em 2007. Atualmente é arcebispo emérito de Porto Velho, RO.
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