Criadora da campanha "Não mereço ser estuprada" quer debater políticas públicas
Depois de ter o apoio da presidente Dilma Rousseff
a jornalista Nana Queiroz, criadora do evento no Facebook "Eu não
mereço ser estuprada" e que foi ameaçada na rede social, diz que sente
medo, mas não vai se intimidar com as ameaças de estupro e de outros
tipos de violência.
“A nossa ideia é ir para encontros, debater
políticas públicas e leis. Mais políticas públicas do que leis, pois é
uma questão de educação”, disse a jornalista, que amanhã tem uma reunião
marcada com o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) para debater o
assunto.
A jornalista considera muito importante o apoio da presidenta, mas
pede que esse apoio se transforme em ações. “Tem várias ideias
interessantes circulando, por exemplo, acrescentar os crimes virtuais
ocorridos em redes sociais na Lei Maria da Penha”, defendeu.
O movimento foi criado depois da divulgação da pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada indicando que 65% dos entrevistados acham que mulheres
merecem ser atacadas quando estão com roupas que mostram o corpo. “Eu
queria falar para a mulher que concorda com isso: acorda garota! Você
tem todo o direito de usar a roupa que você quiser, de se portar da
maneira que você quiser. O corpo é seu e ninguém tem o direito de te
atacar por isso”, explicou.
Nana conta que o seu marido foi quem
tirou a foto dela sem a parte de cima da roupa, com os dizeres escritos
no corpo: “Eu não mereço ser estuprada”. “Perguntei se ele se sentia a
vontade e ele disse que o corpo é meu e que eu é quem tenho que me
sentir a vontade com a foto”, disse.
A jornalista denunciou à
Delegacia da Mulher as centenas de ameaças que recebeu, entre elas a de
estupro e de outros tipos de violência. “Fui muito bem atendida, mas só
para eles descobrirem a identificação do computador de quem me ameaçou
vai levar uns seis meses”, lamentou.
Mais de 45 mil pessoas
aderiram ao evento do movimento no Facebook e, de acordo com a
jornalista, pelo menos metade delas postou fotos trazendo os dizeres do
grupo escritos no corpo ou em cartazes.
Amanhã o evento será desativado,
mas o grupo #Eunãomereçoserestuprada, também criado pela jornalista,
vai continuar ativo para debates sobre o tema.
Comentários